terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sobre duas rodas – Born to be wild

Capacete, jaqueta e botas pretas de couro, bandana de caveira, tatuagens e o vento sobre o rosto ao som do ronco do motor… Para muitos, andar de moto é um simples meio de desviar do trânsito, porém, para outros muitos, é um modo de vida atraente pelo companheirismo, pela independência e, principalmente, pela liberdade.



Os motociclistas constituem um grupo de pessoas que tem em comum desde o modo de se vestirem até o tipo de atividade que gostam de realizar. É exatamente por isso que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, diversos clubes de motociclistas foram criados. Alguns tinham a finalidade de reunir pessoas em busca da adrenalina de correr pelas estradas. Já outros grupos, principalmente os desenvolvidos nos anos 60, tinham o caráter de resistência ao sistema, chegando a fazer parte do movimento de contra-cultura da época. Estes últimos inspiraram uma série de filmes, dos quais Easy Rider é considerado o mais importante.

Hoje em dia, os motoclubes são entidades hierarquizadas, nas quais todos os membros tem obrigações definidas. Apesar de terem regras rígidas, a bandeira que se sobressai é a da liberdade. A irmandade também é muito valorizada e considerada essencial. Em geral, a comunidade organiza longas viagens em grupo , nas quais os momentos mais importantes são os trajetos de ida e volta. Além disso, nos motoclubes há discussões sobre os símbolos do motoclubismo e sobre a função destes na sociedade.
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Muitos motociclistas, porém, não participam dessas organizações porque consideram que nelas o espaço para a liberdade é inexistente. Eles questionam como num lugar pautado por regras e compromissos, a liberdade pode ser o tema central. O que tais motociclistas desejam é independência: querem em um dia ser o alto executivo de terno e gravata no escritório e poderem – como bem lhes convir -, no outro dia, subir em suas motos para percorrer as estradas do país.



Para os motociclistas, a independência também está em escapar do trânsito das grandes cidades. A possibilidade de, por meio dos corredores de carros, fugir do congestionamento e chegar ao destino mais rapidamente, confere a sensação de independência e, algumas vezes, de “superioridade perante os demais”, como diz o motociclista Sérgio Monteiro.





A águia é um dos símbolos mais presentes no universo dos motociclistas. Eles se identificam com a ave primeiramente em razão do vôo quase sempre solitário desta, que se relaciona com andar na maioria das vezes só sobre as motos. Além disso, estes indivíduos sobre duas rodas lembram que, durante uma tempestade, a águia nunca se esconde, continua voando do mesmo modo, assim como eles permanecem na estrada apesar da chuva.

Outro símbolo central para os motociclistas é o da caveira que representa a vida eterna – o que nunca perecerá. É provável que a importância conferida a esse símbolo seja devida aos riscos contínuos que qualquer motociclista sofre, pois um mínimo erro pode ser fatal. A caveira, então, simboliza o quão fundamental é a reflexão sobre a efemeridade da vida para o motociclista

Sérgio Monteiro tem hoje 51 anos, e anda de moto desde os 12. Ele diz que numa estrada o motociclista é inteiramente dependente de sua moto, pois se ela falha, não se sabe o que pode acontecer. Segundo ele, é por causa disso que todo motociclista cuida muito de sua moto e que acaba desenvolvendo afetividade por ela. Mais que isso, Sérgio afirma que sobre duas rodas, a sensação é de que se pode tudo, a sensação é de liberdade. A importância da moto para Sérgio é visível na tatuagem de um homem andando de moto em seu braço: “Eu fiz essa tatuagem porque a moto faz parte do que eu sou